Quando os relógios do tempo começaram a marcar os primeiros segundos da humanidade… imagina no espaço sideral um ponto, uma massa disforme no meio do belo universo criado… na verdade estou tão empolgado para começar a contar-te esta bela historia que me ia esquecendo de me apresentar. O meu nome é Gabriel e tenho centenas de anos e trabalho como director-chefe do melhor e magnífico coral. Podes crer parece que é um trabalho um bocado cansativo, mas eu digo-te que não. Como ainda tenho algum tempo disponível posso-te começar a contar os primeiros capítulos desta magnifica história.
No princípio antes de existir alguma coisa criada, imagina a terra, não da forma que a estás habituado a ver, mas sim como uma massa disforme, desolada e vazia. Havendo apenas escuridão sobre a face do abismo[i] , onde pairava o “Espírito de Deus” (Gen. 1:2). Se me perguntares qual é a aparência desse Espírito eu não seria capaz de ilustrá-lo de forma a compreenderes. Sabes, porém, ele nunca está sozinho. Está sempre com Deus e Jesus sendo o seu objectivo criar ordem a partir do caos, que significava criar dessa massa disforme, a terra na qual tu habitas. Sabes qual foi a primeira coisa que Deus, Jesus e o Espírito Santo fizeram? Foi a luz[ii], e como tu sabes é necessária para todas as plantas e todos os animais, da Terra. Sem ela não poderia haver vida. Deus dividiu a luz das trevas, e viu que isso era bom. E foi a tarde e a manhã do primeiro dia[iii].
Sabes qual foi a maravilha que Deus fez a seguir? Foi o firmamento[iv], a separação das águas, mas podes perguntar-me. Que separação das águas? Como tu sabes é impossível ter oxigénio (O2) sem existir o vapor de água e outros elementos a fazer uma barreira para o mesmo não escapar, por isso, Deus na sua infinita sabedoria decidiu separar as águas de baixo, das águas que envolveriam a terra, para criar uma atmosfera habitável na qual pudesse existir vida. E assim aconteceu, sendo a tarde e a manhã do segundo dia.
Para habitares na terra o que mais é necessário? A resposta a esta pergunta pode não parecer muito óbvia para ti. Porém posso-te garantir que esta é uma das partes fundamentais. É a terra seca que tu pisas, e para isso foi necessário separar as águas da terra e juntá-las e assim foi criado o elemento árido ao qual Deus denominou como terra. Queres ouvir esta parte da história descrita por um poeta? “As águas ficaram acima das montanhas, à tua repreensão, fugiram, à tua voz do teu trovão, bateram em retirada. Elevaram-se os montes, desceram os vales até ao lugar que lhes havias preparado. Puseste às águas divisa que da qual não ultrapassarão” este poema foi escrito por um rei chamado David. Estando o mesmo escrito no livro de Salmos 104: 6-9. Este ajuntamento das águas implicava que dali em diante estas deveriam estar reunidas “num só lugar” e por si mesmos deveriam ficar confinados nos lugares predeterminados por Deus.
Foi um maravilhoso espetáculo ver o surgir das colinas por cima da água que, até então havia coberto a superfície da terra. Onde apenas existia água até onde os nosso olhos poderiam alcançar, existia agora uma grande extensão de terra. Mas sabes? Não acabou por aí. Depois da terra seca estar separada da água houve mais uma ordem. A terra cobriu-se de vegetação da qual havia 3 tipos: 1- relva[v] , 2- ervas que dão semente[vi] 3- árvores frutíferas[vii]. É importante mencionar que a terra não tinha o poder de produzir plantas, mas obedeceu à ordem de Deus. E assim foi a tarde e a manhã do 3º dia.
Bem, no quarto dia Deus fez dois luzeiros[viii] o sol, de grande dimensão para o período chamado de dia e para a noite Deus fez a lua e as estrelas, de menor dimensão. Estas como uma diferenciação mais profunda entre a luz e as trevas, uma diferença bem patenteada desde o primeiro dia da criação, quando foi criada a luz. Assim acabou mais um dia de magnífica criação, e tudo era bom[ix].
O que mais precisa o mar? É isso que estás a pensar: são os peixes, mas Deus também criou as aves. Estes foram os primeiros animais a serem criados, criando primeiro os mais pequenos e de seguida os animais de maior porte por exemplo: baleias, crocodilos, hipopótamos, e os maiores monstros do mar. Sabes que houve até uma bênção especial?! “Sede fecundos e multiplicai-vos”. E Deus quando acabou este dia vendo os peixes a movimentarem-se pela água e as aves no céu viu que o que tinha feito era muito bom. Assim foi tarde e manhã do quinto dia.
No sexto dia foram criados os animais terrestres, tanto os animais domésticos como os selvagens. Aqui poderia enumerar-se uma enorme lista de todos os animais, que existem sob a face da terra. Desde os mais pequenos como a formiga até aos maiores como o mamute. Como já estão a requisitar a minha presença tenho de deixar-te. Mas deixo-te uma pergunta para refletires: O que faltava mais para a obra criadora de Deus, Jesus e o Espírito Santo ficar completa? Bem tenho mesmo que ir agora. Até à próxima!!!
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[i] Abismo: A palavra abismo tem uma raiz etimológica que significa rugir/ bramir. É aplicado com frequência às águas que rugem e às ondas que bramem. Neste contexto significa as profundezas do mar. Como sabes a palavra abismo é muito antiga e nesta história é usada como nome próprio.
[ii] Luz: A luz é um símbolo da presença divina. Tal como a luz física é essencial à nossa vida, o mesmo acontece com a luz espiritual. Existem ainda pessoas que estão nas trevas espirituais e por isso Deus deseja que essas pessoas fujam do pecado e do desânimo dizendo: ” Haja luz!”
[iii] Houve a tarde e a manhã do primeiro dia: Na verdade podemos literalizar:” foi a tarde e a manhã do primeiro dia”. Aqui encerra-se a descrição da semana da criação (existe ainda mais cinco vezes patenteada esta ideia no verso 8,13,19,23,31 do mesmo capitulo), esta declaração literal: foi a tarde (com as horas sucessivas da noite) e foi a manhã (oras sucessivas do dia). Com esta afirmação podemos ter a certeza que, esta descrição, trata de um dia astronómico, que tem uma duração de 24 horas. Podemos também compreender que um dia começa num pôr-do-sol e acaba no outro pôr-do-sol (Levítico 23:32 e Deuteronómio 16:6)
[iv] Firmamento: Firmamento ou ” expansão”. A obra do segundo dia da criação constituiu basicamente na criação do firmamento. A grande massa de águas primitivas foi dividida. As condições climatéricas da terra no estado original (perfeita) eram diferentes das de hoje em dia. Algumas explorações realizadas no extremo norte do planeta provaram que essas zonas estavam cobertas com florestas tropicais, estando agora sepultadas sob a neve e as geleiras. Antes do diluvio as condições climatéricas eram agradáveis e a sensação de frio e calor eram completamente desconhecidas.
[v] Relva: Do hebreu provem a palavra “deshe” que significa ser verde, crescer verde e brotar. Estas palavras designam brotos e ervas tenras que servem de alimento aos animais.
[vi] Ervas que dão semente: Erva ” eseb” significa uma vegetação mais madura na qual a maior característica é de facto a existência de sementes. As mesmas constituem um dos tipos de alimentação planeados por Deus, para o consumo humano.
[vii] Árvores frutíferas: Existem três características fundamentais das árvores frutíferas: 1- A produção de frutas, 2- A inclusão de sementes nas frutas, 3- A produção desses frutos acima da terra. As árvores deviam e devem proporcionar ao ser humano uma variedade de alimentos (Génesis 1:29)
[viii] Luzeiro: A palavra luzeiro (me´oroth, do hebreu) não possui o mesmo significado que a palavra luz (or). Na verdade, luzeiros significam fontes de luz ou portadores de luz.
[ix] Era bom: Diferente da terra atual que mudou com a entrada do pecado, na mesma. Os corpos celestes estão sempre fielmente na sua órbita há milénios devido ao que nós conhecemos, hoje em dia, como as leis da astrofísica. Os astrónomos e navegadores de todos os tempos, desde os tempos mais remotos até aos mais atuais, estão seguros que os astros são dignos de confiança não se desviando do seu trajeto, devido ao fato que obedecem a Deus e às leis por Ele estabelecidas.